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No coração do pelotão da Volta a Portugal: Sporting-Tavira

O Cycling & Thoughts, juntamente para a APCP (Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais), esteve presente nos tradicionais Circuitos lusos de final de temporada, aproveitando o momento para sentir o coração dos heróis das equipas nacionais que estiveram presentes na 79ª Volta a Portugal Santander Totta.

Neste quinto artigo, de uma série de seis, falámos com sete dos elementos da equipa Sporting-Tavira sobre as quatro questões:

1- O que foi o melhor da Volta?
2- E o pior da Volta?
3- Com que sentimento sais desta Volta?
4- Tens algum episódio caricato ou momento marcante na Volta?

Descubram em seguida as respostas de Alejandro Marque,Jesús Ezquerra, Luís Fernandes, Frederico Figueiredo, Válter Pereira, Fábio Silvestre e Mário González.

Sporting-Tavira na apresentação das equipas da 79ª Volta a Portugal (© Helena Dias)

ALEJANDRO MARQUE (CG 5º)

1- O melhor creio que foi a etapa de Fafe, independentemente de ter perdido tempo. Creio que aí dei uma lição a mim mesmo de que nunca se pode baixar os braços, que nunca nada está perdido. Ia perdendo muito tempo, faltavam uns 55 km e consegui não perder as opções na classificação geral, sendo praticamente sozinho a fazer a perseguição.

2- Quando me começaram a dar dores na costela fissurada, só eu sei o que sofri. Cada vez que enchia os pulmões, nesses momentos de esforço, era como se me cravassem algo. Ainda hoje não consigo treinar com normalidade.

3- Saio com o sentimento de que deixei tudo na estrada. Os nossos rivais estiveram mais fortes, simplesmente temos que dar os parabéns e que isto nos sirva como motivação para os vencer para o ano!

4- Sim, tenho um do dia de descanso, por chamar-lhe assim... Foi neste dia que fui junto com o meu director Vidal Fitas ao Porto fazer o raio-X, a seguir ao treino e comida. Esperámos os resultados e retomámos o caminho ao Hotel em Famalicão, quando apenas a 25 km de chegar ao destino estivemos retidos na auto-estrada, pelos incêndios que havia ali perto. Desde as 14 horas que saímos e não chegámos até ao jantar... o que já contou como mais uma etapa!

Alejandro Marque (© Helena Dias)

JESÚS EZQUERRA (CG 28º)

1- Para mim, o melhor da Volta foram as pessoas. Há sempre muita gente nas etapas e em Portugal vive-se muito a Volta, foi uma coisa bonita de se ver.

2- O pior foi não termos ganho nós.

3- Eu vinha com a expectativa de que o Rinaldo ou o Marque podiam ganhar e fiquei um pouco triste, porque não conseguimos. Ainda assim tentámos.

4- Seguramente algum, mas agora não me recordo.

Jesús Ezquerra (© Helena Dias)

MÁRIO GONZÁLEZ (CG 40º)

1- O melhor da Volta foi, sobretudo, a unidade da equipa e eu estar bem depois de todo um ano doente.

2- Dentro do pior foi estar tão perto do pódio com Nocentini e com Marque. Nós vínhamos para ganhar a Volta, não pôde ser.

3- Como disse, saio desta Volta contente e feliz sobretudo no factor pessoal. Um pouquinho triste por não termos conseguido os objectivos principais da equipa.

4- Bem, há sempre momentos divertidos com os companheiros depois das etapas, mas às vezes é melhor não dizer e ficar na equipa.

Mário González (© Helena Dias)

LUÍS FERNANDES (CG 53º)

1- Acho que o melhor foi o trabalho de equipa que fizemos, porque conseguimos manter sempre o grupo coeso e, no final, conseguimos pôr dois homens no Top 5. O objectivo era ganhar a Volta ou ter um homem no pódio e estivemos perto, os adversários foram mais fortes.

2- Muita gente não sabe, mas para mim o pior da Volta foi na etapa do Viso ter sofrido uma desidratação muito grande e no dia de descanso estar com 40º graus de febre e ter de me dirigir a uma enfermaria. A partir daí, as duas etapas a seguir, a que acaba em Santo Tirso e a de Oliveira de Azeméis, foram etapas muito dolorosas até me voltar a encontrar mais ou menos bem.

3- Saio com o sentimento de dever cumprido. Até ao dia de descanso, o que me pediram foi cumprido dentro das expectativas e, mesmo depois desses dois dias, o chefe mandou-me gerir para poder ajudar na etapa da Torre e acho que conseguimos fazer o trabalho que nos foi pedido.

4- Nesta Volta não tenho nenhum.

Luís Fernandes (© Helena Dias)

VÁLTER PEREIRA (CG 86º)

1- Para mim, o melhor da Volta foi mesmo o conseguir estar presente, pois tive uma época rodeada por lesões, que me impossibilitaram de estar na melhor forma. É claro, também todo o companheirismo vivido dentro da equipa e todo o apoio que recebi.

2- O pior foi não termos conseguido vencer a Volta a Portugal.

3- O sentimento é agridoce, pois lutámos e não conseguimos vencer. Mas, por outro lado, conseguimo-nos unir mais enquanto equipa e isso é fundamental.

4- Um momento caricato foi, ao receber o abastecimento, ter dado uma guinada com a bicicleta e cair. Coisas que fazemos bastantes vezes durante o ano e por um descuido lá vamos ao chão.

Válter Pereira (© Helena Dias)

FÁBIO SILVESTRE (CG 98º)

1- O melhor é o facto de ser sempre bom correr a Volta do nosso país. Já tinha feito uma e voltar a correr foi bom. Faltaram umas chegadas ao sprint, porque foram sempre terrenos muito selectivos. Tive oportunidade no dia de Castelo Branco, mas por uma falha na bicicleta não consegui discutir bem a corrida. Depois acabei por ajudar os colegas, conseguimos fazer melhor do que no ano passado, 4º e 5º. Faltou o objectivo do pódio, que tínhamos em mente, mas estivemos perto e, por isso, foi positivo.

2- O pior foi as montanhas. E também alguns adeptos, que penso que vibram muito com os clubes. Nós somos todos amigos no fim de contas e não há que andar a provocar os atletas. Às vezes, chamam-nos nomes e coisas menos boas. Penso que se vêm para a estrada, deviam apoiar mais os atletas e não chamar nomes. É uma imagem que guardo da Volta pela negativa.

3- Saio com um sentimento bom. Tenho a noção que quando fiz a Volta com a Leopard custou-me mais do que esta, mas eu e a equipa focámo-nos mais na Volta todo o ano e penso que também por essa razão custou menos.

4- Tenho sempre a imagem da Sra. da Graça, o público ali muito próximo de nós é a imagem que guardo. A entrada em Mondim de Basto é com muito público e marca sempre qualquer corredor.

Fábio Silvestre (© Helena Dias)

FREDERICO FIGUEIREDO (abandonou por queda)

1- Depois de ter desistido, o melhor para mim foi ter sempre as pessoas presentes no staff da equipa a dar-me força e moral naquele momento.

2- O pior foi desistir no começo da etapa com partida em Lousada com uma grande dor no joelho e na virilha, que ainda hoje não está tratada.

3- Saio algo desiludido comigo próprio, porque não estive presente quando a equipa mais precisava.

4- Partilhar o quarto com um vencedor de uma Volta a Portugal, Alex Marque, é sempre momento marcante.


Frederico Figueiredo (© Helena Dias)

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